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quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

A ilusão dos dias que passam...


Nos últimos dias, por via de alguns acontecimentos, tenho pensado muito naquilo que resolvi chamar de ilusão dos dias que passam.

A ilusão, as ilusões são parte integrante de nós, ora vejamos, há uns anos atrás e tristemente ainda hoje, pensamos que a SIDA só acontece aos outros, que o nosso coração nunca nos vai trair, vai manter sempre o batimento certo independentemente daquilo que lhe fizermos, que os cigarros que fumamos não nos vão chegar aos pulmões, que o desemprego nunca nos vai bater à porta, que os nossos pais, filhos e todos aqueles que amamos vão estar aqui para sempre, que a crise é um qualquer enredo para uma novela que nem tencionamos assistir, muito menos viver, que se saiu o euro milhões ao vizinho também nos vai sair a nós (ainda que nunca joguemos), que temos milhões de amigos e que somos muito queridos por todos eles.

Ora aqui está onde eu queria chegar, várias vezes eu e o meu marido falámos sobre as novas tecnologias e o seu impacto na sociedade e sempre fomos avessos às tão badaladas redes sociais pela exposição que acarretam. Há uns meses atrás resolvemos criar uma página no facebook para os dois e durante uns dias lá andámos nós, todos contentes, a amealhar “amigos” entretanto, devido a problemas técnicos deixámos de ter página. Sentimos falta? Não, nenhuma.

Há coisa de uma semana por via de contactos com familiares com quem já não falava há muito tempo (anos) o meu marido resolveu criar uma página no facebook para reencontrar a família e que reencontro esse. É ver o brilho nos seus olhos por rever as primitas, que entretanto já são mulheres, algumas delas mães de filhos, tios, tias, madrinha, enfim uma imensidão de parentes, dá gosto ver a sua alegria (apesar das pontadinhas de ciúmes que por vezes me assolam). Daí até insistir comigo para também criar uma página foi um passo e assim foi. Existe agora uma página que não é só minha, mas dos dois, mas que na prática acaba por funcionar mais como minha. E, eis que me vejo a procurar por pessoas com quem já não falo há anos, colegas de escola, de faculdade e de trabalhos anteriores, encontrei algumas e claro está vá de enviar pedidos de amizade. Alguns foram aceites e outros ainda não.

Ontem à noite após uma troca de mensagens com alguém com quem não falava há anos (seguramente mais de 10), onde trocámos cusquices sobre outras pessoas e falámos um pouco da nossa vida de hoje, pus-me a pensar na falta de sentido que isto tem para mim (já para não falar na falta de paciência da minha parte para a entrada de comentários dos amigos dos amigos e dos amigos destes), aquelas pessoas não são as minhas pessoas, a família não está presente aqui nesta sala universal e quanto a estas pessoas para mim, agora são virtuais, não soube nada delas durante anos e a verdade é que por esta via, por muito feio que isto soe, continuam a ser virtuais, não tenhamos ilusões.

Acredito na amizade verdadeira, sem dúvida que acredito, mas também sei que muitas das pessoas (a maioria) que passam pela nossa vida, são fruto das circunstâncias (escola, faculdade, trabalho, etc.), o que não quer dizer que não tenham sido importantes para nós, foram-no, de certeza que o foram, naquele tempo, naquela altura, naquelas circunstâncias, depois a vida encarrega-se de prosseguir o seu curso natural e vamos deixando para trás algumas pessoas, que de tempos a tempos até nos podemos lembrar, porque se fala da escola, da faculdade, enfim... Nesse mesmo caminho permanecem algumas que resistem a tudo, às circunstâncias, ao tempo, à distância, mas que sempre permaneceram connosco, nunca as perdemos de vista e embora de tempos a tempos, continuámos a ouvir a sua voz e dar aquele abraço.

Se pensarem um pouco vão ver que tenho razão, aposto que alguns de vocês, devem estar a pensar “eu não estou a reconhecer esta pessoa” e a verdade é mesmo essa, é que já não nos conhecemos, somos estranhos que partilham algumas memórias conjuntas.

Chamem-me bota-de-elástico, velha do Restelo ou até mesmo estúpida, mas não se trata de criticar, de achar mal, não acho e não critico. Por exemplo, no caso do meu marido e acredito que seja uma realidade para muitas outras pessoas, acho muito bonito, pois estão em diferentes pontos do país, alguns fora e dessa forma encontram-se reunidos nesta gigantesca e, por vezes, acredito que acolhedora sala de estar.

Por tudo isto acaba aqui esta minha breve, mas enriquecedora experiência nas redes sociais. Aos “virtuais”, por favor não me levem a mal, deixo um beijo enorme e foi bom reencontrar-vos, mesmo que por breves e virtuais momentos. Fiquei contente por saber que estão bem.

Quanto a nós, vamos-nos encontrando por aí...

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