No final do século XIII Grosseteste (1170-1253) foi nomeado Bispo de Lincoln e aí permaneceu até à sua morte, dezoito anos mais tarde. Durante toda a sua vida Robert Grosseteste foi um ávido participante na vida intelectual europeia. A sua educação de base despertou-lhe o gosto natural pela Filosofia. Começou a produzir textos sobre artes, e, principalmente, astronomia e cosmologia. No entanto a sua maior obra foi o texto científico De Luce (que diz respeito à luz). Na base do texto estava a mítica frase de Deus: “ Faça-se Luz”. Aliás toda a obra estava profundamente enquadrada na sua visão eclesiástica do mundo. Grossetest acreditava que o intelecto humano advinha da iluminação divina. O seu enorme fascínio pela Teologia, juntamente com o gosto pela ciência, fez com que as suas obras fossem bastante interrelacionadas. Defendia que a experimentação devia ser conduzida pela Matemática e levar à compreensão do mundo através de elementos matemáticos. Sendo um homem da Igreja alia a Teologia à ciência através da Óptica Geométrica, sustentando que não somente a visão e a luz mas todo agente natural envia sua virtude ao objecto afectado e age sobre os sentidos e a matéria ao longo de linhas geométricas.
Grosseteste baseava a concepção original do movimento de propagação, não sendo nem mutação nem alteração da matéria, mas antes multiplicação. A lei da propagação por multiplicação, defendida em De Luce, gera uma Astronomia de esferas. Grosseteste defendia que graças ao seu poder de adaptação infinito, a luz confere à matéria uma extensão total e regular em forma de esfera. Começa por constituir-se o corpo, o firmamento, composto de matéria-prima e da forma primordial, a luz. Após a criação do firmamento, o céu sem estrelas, a luz percorre o caminho inverso e reflecte-se no centro da esfera primeira. Aqui a luz vai sendo formada no interior das esferas, e no interior destas ainda mais esferas. Isto continua até à nona esfera, a da Lua.
Além destes estudos, Grosseteste, trabalhou no tratado sobre o arco-íris, que divide a Óptica em três partes: a ciência da visão; a ciência dos espelhos; e a ciência da formação de imagens por lentes e espelhos.
Na última parte do tratado defende que “é muito mais difícil na sua subtileza e muito mais maravilhosa no seu profundo conhecimento das naturezas do que as outras partes. Essa parte da óptica, quando bem entendida, mostra-nos como podemos fazer com que coisas situadas a grandes distâncias pareçam estar muito perto, e coisas grandes e próximas pareçam muito pequenas; e como podemos fazer pequenas coisas colocadas à distância parecerem tão grandes quanto quisermos, de tal forma que nos é possível ler as menores letras a uma distância incrível, ou contar grãos, sementes ou qualquer espécie de objectos diminutos”.
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